quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Para quem tem dificuldade de orar.




Artigo cristão escrito por Mauricio Zágari


Li outro dia uma frase atribuída a John Piper em que ele diz que escatologicamente a grande função das redes sociais será provar ao chegarmos diante de Deus que todos tivemos tempo para orar e não o fizemos. Curiosa e verdadeira a sua afirmação. Não adianta dizermos que não temos tempo para trocar uma ideia com nosso Pai se passamos uma a duas horas por dia no twitter ou no Facebook. Não sejamos hipócritas: a maioria dos cristãos que não oram o faz por pura preguiça ou porque prioriza outras coisas: Internet, o seriado predileto, o jogo de futebol ou mesmo o(a) namorado(a).

Mas há aqueles que até gostariam de orar, querem muito se disciplinar nisso mas se perdem nas orações, o pensamento viaja, não sabem o que dizer e uma série de outras questões. “Como devo orar?”, se perguntam. A verdade é que há inúmeras maneiras corretas de praticar o religare com o Pai. Mas vou deixar aqui, a título de sugestão para quem tem dificuldades, o modo que adotei para mim. Pode ser que ajude ou pelo menos lance uma luz que te aponte caminhos.

Mas, antes disso, só uma consideração: muitas igrejas põem a oração como uma espécie de posto de gasolina para ter poder. Daí o surgimento de frases como “muita oração, muito poder. Pouca oração, pouco poder”. O que é um equívoco: oração não é um canal de obtenção de poder, mas um momento de intimidade com o Pai. Imagine se seu filho, cônjuge, namorada(o) ou melhor amigo chegasse até você e dissesse: “Vim conversar com você não para matar as saudades, saber como você está e contar como foi meu dia, mas só para pegar um dinheiro emprestado”. Chato, não? Com Deus é a mesma coisa. Deus não quer que você se achegue a Ele para obter poder, isso é ser interesseiro. Ele quer que você vá até Ele pelo prazer de estar em sua companhia. Com a Cruz de Cristo o véu do templo se rasgou para que nós, seus filhos, tivéssemos um relacionamento direto com o Pai. Tivéssemos intimidade. Os benefícios da oração são a consequência dessa relação. Não é porque queremos benefícios que vamos orar, é porque oramos que recebermos benefícios.

Tendo entendido isso, que fique claro que oração não é uma obrigação ou um meio de se conseguir algo: é privilégio. Concedido a nós por amor. Então, ao erguermos nosso pensamento a Ele (de joelhos, sentados, em pé ou plantando bananeira) devemos saber que grande honra e que enorme preço de Cruz foi pago para termos esse direito.

Com isso em mente, o que vou compartilhar não é um desses “7 passos para uma oração eficaz” ou “o segredo da oração fogo puro”, Deus me livre de sugerir isso. É apenas uma de dezenas de formas de orar, a que eu uso, e que funciona muito bem. “Funciona”, aliás, é um péssimo verbo. Eu diria que “ajuda aquele que ora a organizar seus pensamentos” muito bem.

A ideia é pensar em círculos concêntricos, ou seja, um círculo dentro de outro círculo, que vem dentro de outro círculo e assim por diante. Os circulos centrais representam os assuntos ligados a sua pessoa: o primeiro é sua vida espiritual. O segundo, sua vida familiar. O terceiro sua vida profissional. O quarto sua saúde. E assim por diante. Quando acabarem os círculos ligados a você vêm os círculos da sua familia. Um é seu cônjuge. Outro é seu pai. Outro sua mãe. Seu filho. E assim vai. Depois, quando tiver orado por você e sua familia, mais externamente vêm círculos ligados à igreja local . Um são os pastores. Outro são os departamentos infantis. Outro a escola bíblica. E assim por diante.

Quando terminarem os círculos ligados à igreja local, vêm os círculos da sua denominação. Ore pelas lideranças. Os conselhos. Os sínodos, os presbitérios ou aquilo que for pertinente ao grupo de fé que você frequenta. Tendo orado por você, sua familia, sua igreja local e sua denominação, passe para os círculos mais amplos: sua cidade. Aí você ora pelos governantes, pela violência etc. Passe em seguida para seu estado. Depois para a nação, com oração pela presidente, os congressistas e por aí segue. O círculo seguinte é o mundo. Ore pelas guerras, pelos conflitos, pelos países onde há perseguição religiosa e assim vai.

Até aqui foram as orações que você costumeiramente faz. Ou seja: aquilo que sempre está presente a cada vez que você fala com o Pai. Depois disso tudo, nos círculos mais externos estão os pedidos de oração. É hora de pegar o caderno onde você anotou a solicitação daqueles a quem prometeu oração e vá de um a um. São as intercessões que você prometeu àquele irmão (“vou orar por você”) ou atendendo a pedidos, pessoas que estão doentes e por aí vai. Em resumo, são as orações que você fará por um tempo determinado.

Por fim, quando terminar tudo, é muito agradável tirar um momento de louvor a Deus, de agradecimento pelas respostas que virão, de declaração de amor, de ação de graças… simplesmente agradeça. Você pode orar o Pai Nosso, se desejar. É um momento mais livre, de se derramar e se deleitar na presença do Criador.

Meu irmão, minha irmã, se você diz que só consegue orar dois minutos, porque não tem assunto na oração ou qualquer desculpa parecida, pode ter certeza de que dificilmente usando essa forma de orar você vai conseguir cumprir todos os “círculos” em menos de meia hora. O mais provável é que leve no mínimo uma hora. Às vezes, dependendo da quantidade de pessoas por quem você vai orar, quando você se dá conta orou por mais tempo do que dura um jogo de futebol.

E entenda, não é uma questão do tempo que se gasta. É possível fazer uma oração profunda e que toque o coração de Deus em dez segundos. Quantas não foram as vezes em que orei apenas com lágrimas ou gemidos. E tenho certeza que Deus entendeu e recebeu perfeitamente meu clamor. Mas se você conseguir organizar-se a ponto de elevar sua voz ao Céu em favor de tudo isso, de toda essa gente, de todas as necessidades, certamente vai demandar um bom tempo percorrer do primeiro ao último círculo. Isto é: o tempo não é a causa (“tenho que orar uma hora todo dia!”, como alguns pensam), mas a consequência (“tenho tanto pelo que interceder que vou levar um bom tempo”, isso sim).

Que os seus momentos com Deus sejam agradáveis. Que você consiga sentir o deleite e o gozo de estar em Sua presença. Que você entenda que não é obrigado a orar, mas que orar é um dos grandes e mais lindos privilégios do cristão: é entrar na presença do Todo-Poderoso, do Altíssimo Criador de todas as galáxias do universo, poder sorrir para Ele e dizer: “Pai…”.

Autor: Mauricio Zagari

 

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