“Amor não é suficiente, casais devem usar a razão”, dizem autores de Casamento Blindado
Eles são os apresentadores do programa The Love School, e já aconselharam milhares de casais que buscam resolver seus problemas de relacionamento e encontrar a harmonia no lar.
Renato Cardoso, que possui formação em educação familiar e matrimonial pelo National Marriage Centers de New York, e Cristiane, autora de livros sobre comportamento para a mulher cristã são diretos quando falam de seu relacionamento: “Temos em nosso casamento nossa própria cultura, baseada nos princípios de Deus. É possível sim ser diferente do mundo. Todo casal pode decidir isso também”, enfatizam.
Eles comparam seu casamento, que já fez 20 anos, a uma ‘micro-nação’. “Não queremos saber o que o mundo faz, em nosso casamento é Deus quem dita as regras e a cultura”.
Os números oficiais apontam para a realidade do aumento gradativo dos divórcios. Segundo estatísticas do censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos dez anos, o número de divórcios no Brasil quase dobrou, passando de 1,7% em 2000 para 3,1% em 2010. Também foi registrado aumento no número de uniões consensuais, aquelas em que não há cerimônia no civil nem no religioso.
A mídia, por sua vez, cada vez mais exalta exemplos de “casamentos abertos”, banalizando a infidelidade por meio de personagens nas novelas e relativizando os valores bíblicos.
“Muitos cristãos não conseguem separar as coisas e acabam trazendo a cultura do mundo para dentro da igreja e de suas vidas”, dizem os autores do best seller Casamento Blindado, publicado pela Thomas Nelson Brasil.
Uma das questões que tem dificultado é que segundo eles, a igreja não tem exercido seu papel de oposição aos valores que não são bíblicos.
“Infelizmente, a igreja tem se tornado cada vez mais parecida com o mundo, e isso se mostra bem claramente nos relacionamentos. Muitos cristãos se divorciando, tendo vida sexual ativa antes do casamento, ‘juntando os trapos’ sem se casar, vendo pornografia…”, assinalam.
Veja aqui a entrevista concedida pelo casal Cardoso que conta como os casais podem, com base nos valores bíblicos, na fé e na ajuda mútua, obterem sucesso em seus relacionamentos.
Acompanhe:
GP- Muitas ideias que estão em voga no mundo falam sobre os relacionamentos livres e compromissos sem estabilidade, baseados em sentimentos. Os casais cristãos que querem se manter unidos podem estar imunes a essas ideias?
Cristiane e Renato Cardoso - Como Jesus disse, fisicamente nós estamos no mundo, mas não somos dele. Realmente é uma convivência difícil. Muitos cristãos não conseguem separar as coisas e acabam trazendo a cultura do mundo para dentro da igreja e de suas vidas. Infelizmente, a igreja tem se tornado cada vez mais parecida com o mundo, e isso se mostra bem claro nos relacionamentos. Muitos cristãos se divorciando, tendo vida sexual ativa antes do casamento, “juntando os trapos” sem se casar, vendo pornografia… Mas é possível sim ser diferente do mundo. O que eu e a Cristiane determinamos para o nosso casamento é que nós temos a nossa própria cultura, baseada nos princípios de Deus. Não queremos saber o que mundo faz, acha, ou pensa com respeito a relacionamentos. Em nossa “micro-nação” (nosso casamento), é Deus que dita as regras e a cultura. Todo casal pode decidir isso também.
GP- Vocês comentam no livro sobre amizades com pessoa fora do casamento. Quais seriam os limites para essas amizades? Existem regras fixas para isso?
C – Há as amizades boas e as ruins para o casal. Quando possível, é saudável o casal ter um outro casal de amigos que compartilha dos mesmos princípios e valores para que eles façam coisas juntas como passear, ver um filme, ou simplesmente almoçar juntos. Isso ajuda a quebrar a rotina dos casais. Porém, as amizades negativas são aquelas que incomodam o parceiro, e por isso acabam desestabilizando o casal. Quando o marido, por exemplo, quer continuar fazendo programas de solteiro com um velho amigo da escola e isso acaba roubando o tempo dele com a esposa. E claro, o clássico problema de amizades do sexo oposto, que geram ciúme e insegurança no parceiro. A regra é, em primeiro lugar, o casal decidir que serão melhores amigos um do outro. E segundo, não terem medo de sacrificar uma amizade que esteja ameaçando o relacionamento deles.
GP- Vocês já aconselharam centenas de casais cristãos e muitos acabam se reconciliando, mas houve casos em que isso não aconteceu. Quais os motivos para a não reconciliação, mesmo com o aconselhamento e o conhecimento bíblico?
C – As razões variam, mas podemos dizer (na verdade foi Jesus quem disse) que a raiz principal de todos os casamentos infelizes e divórcios é a dureza de coração. Quando a pessoa está endurecida na sua maneira de ser, não há como fazer um casamento funcionar, nem mesmo com o melhor parceiro ao seu lado.
GP – Quais os motivos mais frequentes para que casais pensem em se separar entre os crentes? Esses motivos se diferenciam dos casais não-cristãos que entram nas estatísticas gerais de divórcio?
C – Os motivos não variam muito. As razões principais incluem traição, a famosa “incompatibilidade de gênios” (leia-se dureza de coração), e relacionamento desgastado pelos problemas nunca resolvidos.
GP – Com a vida moderna, cada vez mais corrida e as demandas crescentes da vida profissional, como ter tempo para investir no casamento?
C – Você só faz tempo para aquilo que você valoriza. O problema não é a falta de tempo, mas a troca de valores. As pessoas têm valorizado mais o sucesso profissional e dinheiro do que o próprio casamento. Por isso o trabalho e estudos têm consumido todo o tempo das pessoas. Se elas valorizarem o casamento acima de tudo, e entenderem que ele é o maior investimento que têm, então encontrarão tempo.
GP – Vocês dizem no livro “Casamento Blindado” que para superar os problemas o casal deve agir como uma empresa. Vocês acham que falta objetividade para os casais superarem os obstáculos? Por quê?
C – Se nas empresas as pessoas agissem como a maioria age no casamento, elas faliriam em questão de dias. Muitos casais não conversam sobre seus objetivos, apenas presumem que o parceiro já sabe quais são. Daí quando os problemas situacionais aparecem, eles não sabem como agir ou agem de forma conflitante um com o outro. O grande problema é que as pessoas pensam que amor é suficiente para gerenciar um casamento, e não é. Há de se usar a cabeça, a inteligência, e a razão — como fazemos no trabalho.
GP – Quais os casos mais complexos que já enfrentaram nos aconselhamentos? O problema foi revertido, o casal conseguiu se reconciliar?
C – São muitos, mas um que nos vem à mente é um casal que tinha quase todos os ingredientes com potencial de agravar os problemas conjugais: eram de países diferentes, raças diferentes, níveis de educação diferentes e personalidades bem diferentes (ele extremamente reservado, ela bem extrovertida). Havia agressão física de ambas as partes, e ele chegou a se tornar depressivo e com pensamentos suicidas. Tivemos várias sessões de aconselhamento com eles, que ajudaram muito, mas a principal arma que os ajudou a vencer foi realmente a fé. É isso que procuramos enfatizar para as pessoas, que sem fé no Autor do casamento, naquele que é a essência do amor, como elas podem esperar ser bem-sucedidas no amor?
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