O evento “Rompendo o Silêncio”, idealizado pela escritora Cristiane Cardoso e organizado por grupos da Igreja Universal do Reino de Deus, reuniu milhares de manifestantes em diversos estados do País, para alertar sobre os riscos da violência doméstica. Em São Paulo, os participantes saíram do Largo da Concórdia, zona leste da capital paulista, em direção ao Cenáculo do Espírito Santo do Brás, na manhã deste sábado (26). Em um carro de som, uma das organizadoras do evento, pastora Maria Rosas, comandava a manifestação com mensagens contra a violência doméstica.
No trajeto, os transeuntes e motoristas eram alertados a respeito do assunto. Além das palavras ditas, mil cartilhas contendo informações sobre a Lei Maria da Penha foram distribuídas às mulheres, que também contaram com o apoio da assistente social e psicólogos da Abads.Apesar de a passeata ter sido dirigida às mulheres, muitos homens acompanharam a multidão e também apoiaram a causa. Um deles é o deputado federal, Antonio Bulhões (PRB) que enfatizou a importância de que a mulher agredida receba proteção para que tenha coragem de denunciar o agressor. “A agressão é uma covardia, e denunciar é mais do que um direito da mulher, é um dever”, comentou.SuperaçãoEm alto e bom tom a auxiliar de escritório, Janiele Galdino, de 18 anos, cantava a música tema da campanha “Rompendo o Silêncio” como se colocasse para fora toda a indignação pelos 12 meses consecutivos que sofreu agressão do namorado. “Aos 14 anos, fui morar com ele e logo no terceiro dia de convivência ele se mostrou o oposto daquele homem carinhoso a quem me entreguei. Por causa do ciúme, ele bateu com um capacete na minha cabeça, deixando meu rosto todo inchado por dias”, recorda. Em um dos casos de agressividade do companheiro, a auxiliar até buscou ajuda na Delegacia da Mulher, porém, quando foi encaminhada para realizar o exame corporal, ele a impediu. “Ele me ameaçou e depois fez juras de amor. Disse que mudaria o comportamento, o que não aconteceu”, destaca.Cansada de esperar pela mudança dele, Janiele deu um basta na situação e voltou para a casa da mãe, abandonando de vez o companheiro. “Eu recebi um convite para participar de uma reunião na IURD. Lá eu aprendi que Deus não queria aquela vida para mim; Ele queria a minha felicidade. Depois de entender isso, eu o deixei e hoje namoro uma pessoa completamente diferente, que me ama e respeita de verdade”, afirma.A promotora de Justiça, Elaine Passareli, fez questão de participar do evento e ministrar uma palestra, na qual incentivou a busca pelo direito da mulher. “A cada 15 minutos uma mulher é morta no Brasil e apenas 10 % das que sofrem agressão têm coragem de denunciar. Isso porque falta o conhecimento. Mas quando ela decide agir, ela obtém uma reestruturação diante da posição que ocupa dentro da própria família”, orientou.Logo após o direcionamento, uma peça teatral, encenada pela Companhia Teatral do Força Jovem, da Igreja Universal, mostrou a história de uma mulher que era agredida pelo marido por causa do ciúme, mas conseguiu vencer o medo e procurou ajuda.A ativista Carlinda Tinoco anunciou o novo projeto chamado Raabe, que será voltado para atender mulheres que se encontram vivendo em situação de risco por causa da violência doméstica. Ela também convidou para o próximo evento sobre o tema, que será realizado no próximo dia 08 de dezembro. Para mais informações sobre o projeto acesse http://www.projetoraabe.com./.
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